A deliciosa e dolorosa fase do puerpério - relatos de uma mãe de primeira viagem

O TAL PUERPÉRIO

Dor. Cansaço. Fragilidade. Culpa. Arrependimento. Superação.

O puerpério é a fase do resguardo que a mulher passa logo após parir o bebê, uma fase que dura em torno de 45 dias e pode se estender até o bebê completar 3 meses.

E já adianto para as futuras mamães de primeira viagem: essa é a PIOR e a MELHOR fase que você vai viver.

Se eu pudesse resumir como foram meus primeiros 10 dias do puerpério diria que a dor foi uma constante. O choro era inevitável e junto a isso vinha uma carga muito pesada de culpa, arrependimento e confusão.

Você é mãe, mas parece que a ficha ainda não caiu.


Você passou por um processo doloroso que foi parir seu filho, seu corpo deu tudo de si durante 9 meses para gerar essa vida... e, de repende, você é obrigada a estar de prontidão para cuidar desse ser humano.

E tudo é novidade, só que na maior parte, não é uma novidade agradável.

Primeiramente você vai estar se recuperando do parto normal ou da cesárea, por isso é desconfortável sentar, deitar, levantar, ir ao banheiro e até caminhar. A minha dor foi quase insuportável porque tive uma pequena infecção interna que me fez tomar remédios fortes para aguentar.

Lembro que passei duas ou três noites em claro chorando e pedindo para Deus tirar de mim aquela dor. Foi muito difícil passar por isso e ter que engolir a dor e o choro para pegar meu filho e enfrentar a segunda pior dor: amamentar.

A AMAMENTAÇÃO

Você simplesmente acha que é pegar a criança e colocar no seio. Tudo lindo! Só que não!

Existe uma forma certa de direcionar o peito para amamentar, uma forma que não te machuca, mas você não sabe disso e o resultado é uma dor insuportável que te faz chorar e gritar de dor.

Eu tinha crise de ansiedade quando chegava na hora de amamentar. Lembro que mordia a gola da camisa com toda a minha força e chorava compulsivamente enquanto aguentava aquela dor horrível.

E isso durou 4 dias com toda a intensidade que eu poderia suportar.

Não bastasse essa dor, três dias após o parto acontece uma coisa no nosso corpo chamado apojadura.

Que é quando o leite desce de verdade.

E, minha amiga.... ele vem tudo de uma vez. Seus seios ficam enormes, vermelhos, com nódulos e para você ter uma mastite é dois passos.

Aí, se não bastasse o bico do seio doer - alguns sangram - todo o seio está inchado e dolorido. É quase desesperador.

Até que resolvi isso contratando uma consultora de amamentação. Aí o puerpério começou a tomar novos rumos.

Eu aprendi a manusear o seio durante essa tal apojadura. Aprendi como fazer a tal "pega" correta do bebê no seio... e entendi que amamentar nunca será instintivo e não precisa ser doloroso. Na verdade, amamentar não deve nunca ser um incômodo, mas você só sabe disso no momento que passa por essa situação.

Por isso, o meu conselho é: contrate uma consultora de amamentação que te atenda assim que seu bebê nascer, para que você não viva esse caos de dor e sofrimento.

Então, se até aqui você venceu a primeira semana do pós parto em relação às dores, você precisa estar preparada para atender 24 horas um ser humano que depende de você, e, esse ser humano só tem uma forma de se comunicar: chorando.

DECIFRANDO O CHORO

É desesperador não saber porque a criança está chorando: será fome? será a fralda? será calor? será cólica? será sono?

Se você tiver sorte, seu bebê será tranquilo e sereno, e os choros serão pontuais, onde você consegue identificar rápido o que ele deseja.

Mas, se não tiver sorte, saiba que você pode chorar junto com ele por não saber como acalmá-lo. E está tudo bem chorar. Está tudo bem não fazer a menor ideia do que está fazendo.

O meu conselho é: tente manter a calma. Chore, mas respire fundo. O bebê sente nossas emoções, então, reealinhe-se e finja estar confiante no desafio que é ser mãe de um recém nascido.

Eu demorei 3 dias para identificar os motivos dos choros do meu filho, porque aprendi num conteúdo do instagram - hahaha - sim, um manual do choro do bebê que me ajudou a saber o que ele queria.

A CULPA, O AMOR E O DESEQUILÍBRIO

Você vai sentir todo tipo de emoção e num dia só.

E a culpa, inclusive o arrependimento serão inevitáveis.

Pensamentos como: "o que fiz da minha vida" e "não aguento mais" poderão surgir tão rápido quanto o arrependimento depois.

E vou te dizer uma coisa: o amor nem sempre é imediato.

Eu só sentia dor até 10 dias, por isso, meu filho lembrava sempre dessa dor que é claro, conscientemente eu sabia que aquilo não fazia sentido, mas minhas emoções intensas me faziam ficar apática em relação a ele e eu parecia não sentir aquele amor que muitas mães falam que surge do nada desde o primeiro dia.

Eu considero que os primeiros 7 dias são um choque na vida da mulher e é difícil você estar sendo orientada por um sentimento de leveza e serenidade, porque tudo na sua vida está um verdadeiro caos, e você, muitas vezes, não consegue nem levantar da cama direito sem ajuda.

Como sentir amor e leveza num momento tão doloroso?

Mas, após o olho do furacão eu comecei a me centralizar e resolver uma coisa por vez.

Entendi que não adiantava eu ficar pensando no amanhã ou no depois do amanhã. Eu precisava viver aquele dia. E naquele dia eu sabia que iria me sentir bem e também me sentiria péssima. E estava tudo bem eu me sentir daquela forma.

Eu precisava viver a minha fragilidade. Eu não precisava ser forte naquele momento.

E eu consegui viver isso porque meu marido assumiu as rédeas da situação até eu voltar a um estado mental mais consciente e equilibrado.

Quando meu filho completou 12 dias eu não sentia mais dor e foi ali que comecei a viver a minha maternidade real.

Foi ali que passei a viver um dia de cada vez, que consegui compreender coisas que me faziam manter a calma e que, dessa forma, eu passasse essa certa calma para ele.

Comecei a criar rotinas e a me conectar novamente comigo mesma.

Conversei tanto com Deus e meus mentores nesse período e a resposta veio: uma mente mais centralizada, serena, mesmo cansada e um pouco confusa às vezes.

Manter o foco na minha espiritualidade até o momento (24 dias do meu filho) é o que está me salvando.

E esse é meu segundo conselho: conecte-se com Deus. Conecte-se com você mesma. Só assim você vai poder viver esse período de uma forma mais leve, curtindo mais a jornada, mesmo que ela seja exaustiva e que seus planos nem sempre deem certo.

Te digo que você viverá dias maravilhosos em contato com seu(a) filho(a), mas também viverá momentos ruins que te farão sentir raiva, medo e culpa.

Só respire.

Foque em viver o hoje.

Isso faz toda a diferença!

E com isso comece a cuidar de você, mesmo que às vezes você fique vários dias sem conseguir lavar o cabelo, ou passar o dia todo de pijama sujo de leite. Cuide de você fazendo pequenas orações e agradecendo pelo seu corpo ter gerado uma vida saudável.


O peso, a flacidez, as estrias, a pele ressecada, a queda de cabelo etc... tudo isso é só mais uma fase que logo passa.


Lembre-se: você levou 9 meses para que seu corpo gerasse uma vida e com isso sofresse modificações, então, leva tempo para você se recuperar totalmente.


Ter paciência e estar focada no agora foram as maiores lições que já vivi nessa metade de puerpério.

O que virá adiante? Não faço ideia. A única coisa que sei é que estou disposta a passar pelo que for necessário e eu faria qualquer coisa para ver meu filho bem.

Já aprendi que ser mãe é sacrificar um pouco por dia aquela mulher que já fomos uma vez, para que uma nova versão surja.


O meu conselho final é: vai ser difícil, mas passa. Viva um dia de cada vez e não se compare. Você será a melhor mãe possível para o seu filho se estiver disposta.

Vai dar tudo certo!


Espero que esse meu relato real te ajude de alguma forma.

Beijos da Mi!

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2 Comentários

  1. Uau, Mi! Que relato verdadeiro e emocionante. Não consigo imaginar o que passou, parabéns pela coragem em compartilhar sua experiência! Felicidade e muita saúde para toda família! 👏🏽💕🙏🏽

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    1. Que bom que fez sentido para você! Obrigada pelo carinho

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Obrigada por comentar! Assim que possível venho aqui para responder você. Beijos!